a.t.l.a.n.t.i.s
Eu disse que gostava de estar contigo e que essa estadia me fazia bem.
Eu disse que seus olhos me encantavam e que eles foram um dos detalhes marcantes em te escolher teu nome. A primeira vez te vi foi envolvida por caos e descontrole, talvez, algo que eu também guardasse dentro de mim. Não sei.
Esses dias, olhando pela janela te observei dormir, numa paz que, possivelmente, eu nunca conheça, senti um pouco de inveja, mas pensei também que carregasse tuas responsabilidades em marcas da tua pele.
Na minha cabeça fantasiosa, imagino diversos contos e mundos e em deles, você surgiu porque eu precisava dessa vida na minha, dessa simultaneidade de sobrevivência, de um suspiro. E me senti assim, em todos esses anos, em todos esses dias, em todos eles, sem tirar nem pôr.
— A cada vez que você padece, eu vou junto. Dá pra ver em mim também, não só em você.
— E isso é justo?
— O que é justo pra você? Você quer essa resposta?
“você quer essa resposta?” será que eu sei receber essa resposta?
— Um pedaço de mim para você. Não estou te dando essa minha parte, é uma troca, é mútuo, como sempre foi.
como sempre foi. sempre.
E dentro da contagem de tempo do sempre eu sei que estarei junto, pelo o que der e vier, como minha vó diz. Sempre, a contagem de tempo do afeto, que se transmuta, que se desenvolve e permanece, de alguma forma, assim meio que sem muita explicação.
Vivi o sempre e o amor contigo e vou viver pelo tempo que vier e der que me for disposto ao teu lado.
atlantis.