Dia de melancolia
O ócio vem com a responsabilidade de aprender a lidar com ele, pois é nesse ócio que alguns desquereres se mostram, alguns incômodos existenciais se nutrem, aquelas coisas mal resolvidas decidem aparecer e fazer companhia, bom, o ócio traz de volta em 24 horas todas aquelas outras vidas que não vivemos por completo e isso, definitivamente, frustra.
Seria sério de mais dizer que preferimos o ato de se dopar para que não lidemos com essas tais não vidas vividas?
Escrevo no plural, pois talvez eu não queira me sentir só com esses pensamentos e ao falar em nome de todos, sinto certa inclusão, certo afago por também passar o mesmo algo sem resolução instântanea.
Criando personagens novos para os palcos da vida sem dar o grande final encerrando, assim, sua participação, como num ato de bandeira branca, aceno de paz e passo contínuo certo do que vem a seguir. Acúmulos de papéis e perdas consecutivas de si entre os respiros.
Melancolia como um ato de existência fadada. Ao quê?