Dias não-salvos.
A minha vista que já não era boa, hoje decidiu piorar.
São onze da noite de uma segunda feira de um ano quase ganho, porém meio perdido, num país muito próspero, que esqueceu disso, ou, que talvez, nunca foi lembrado, presidido por um alguém irrelevante, desprezível e vazio de si e de humanidade.
Hoje poderia ser, e talvez seja, o final dos tempos. Acho que, assim como, todos os dias as peles mortas do corpo humano se soltam demonstrando o findar iminente, também todos os dias é um fim do mundo, para alguém, em algum lugar, em alguma situação. Apocalipse? Revelação. Revelação de que a volta do Cristo esperado seja todo dia, pois pouco, praticamente nada, sabe-se do amanhã. O Cristo aqui usado de metáfora para a vinda de algo que muito se quer na vida, até a sobrevivência, pode vir, ou não.
Não tem nada muito importante para ser dito por aqui, são só pensamentos que precisavam sair, estou a espera do retorno de uma das minhas gatas. O não-saber é angustiante, traz a tona aquilo que mais se quer esquecer: a incerteza do existir. É muito bom a tecnologia, a ciência, a evolução (seja qual for), a que custo? A que custo… contudo, esta ainda não me garante a certeza, a eliminação da dúvida, a extinção da angústia e da frustração, da ansiedade do ser.
Boa noite, a minha vista anda cansada.